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A DEPENDÊNCIA QUÍMICA E O PRAZER DO SUJEITO: UMA RELEITURA ATRAVÉS DO VIÉS DA TEORIA PSICANALÍTICA

1 Objetivos

1.1  Objetivo geral

Apresentar através de uma revisão bibliográfica, o modelo psicodinâmico da dependência química.

1.2   objetivo específico

Descrever o conceito de dependência química e seus critérios diagnósticos e psicodinâmicos de um dependente químico.

 Analisando fatores psíquicos através do viés da teoria psicanalítica.

A DEPENDÊNCIA QUÍMICA E O PRAZER DO SUJEITO: UMA RELEITURA ATRAVÉS DO VIÉS DA TEORIA PSICANALÍTICA   

Hellen da Silva Pereira 

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo apresentar, através de uma revisão bibliográfica, os principais fatores psicológicos envolvidos na dependência da substância química, utilizando como fundamentação teórica alguns dos principais conceitos freudianos e o conceito de Gozo em Lacan, como também critérios diagnósticos presentes no DSM-V. O estudo desenvolvido, que tem como objeto de análise bibliográfica da psicodinâmica de usuários abusivos de substâncias químicas, através da teoria psicanalítica. 

Palavra chave: psicanálise, dependência química, gozo. 

1 INTRODUÇÃO 

O tema dependência química é bastante discutido em meio a sociedade, sendo considerado um problema de saúde pública por ser uma doença sem cura, progressiva, podendo levar o dependente abusivo ao falecimento.

 Segundo Schnorreber (2003), há um questionamento do porquê do usuário abusivo ir em busca da substância que o prejudica sua saúde orgânica, psicológica e social.

Segundo Schneider (2010), a sociedade coloca muita ênfase na temática da substância, mas é muito importante profissional social e acadêmico, estudarem os processos psicológicos que levam o usuário na busca abusiva pela droga com o objetivo da obtenção de prazer. O estudo sobre o tema tem como objetivo o auxílio na recuperação de dependentes químicos e desenvolvimento de programas de prevenção.

Este artigo tem como objetivo apresentar através da teoria psicanalítica a dinâmica psíquica envolvida na obtenção de prazer do sujeito usuário abusivo da substância química, através de um estudo bibliográfico.

Na primeira sessão do artigo, é apresentado o conceito de dependência química e seus critérios diagnósticos de acordo com o DSM-V e CID-10, na sequência, os conceitos psicanalíticos que servirão para mostrar a psicodinâmica de um dependente químico. 

2.1 Dependência química  

O Transtorno Dependência Química é considerado um problema biopsicossocial, por sua afetação abranger desde o organismo, psique e o contexto social onde o usuário está inserido. O diagnóstico é realizado através da Classificação Internacional de Doença (CID 10) e o Diagnóstico Estático de Transtornos Mentais (DSM V), eles apresentam o critério necessário.

A droga ao ser consumida pelo indivíduo proporciona um prazer mental venerável.  Segundo Lourenço (2011) na relação que o sujeito tem com a substância encontramos uma montanha de sentimentos como irritabilidades, estresses, carência afetiva, frustrações que levam o sujeito a fazer usos abusivos com o objetivos de aliviar esse sentimento que gera uma angústia.

Ansiedade é muito frequente em usuários abusivos de substâncias químicas, ela é um espelho para as respostas inadequadas de enfrentamento do dependentes aos seus estímulos diários, o indivíduo não tendo controle do seu grande desejo de uso, acaba o levando a uma desorganização a sua rotina. (LEMES, NASCIMENTO, ROCHA, ALMEIDA, VOLPATO, LUIS, 2020).

Segundo DSM-V (2014), o uso abusivo de substâncias psicoativas pode levar a uma alteração nos circuitos cerebrais que acabam persistindo após o processo de desintoxicação, essa alteração acarreta fissuras e o desejo frequente pela droga de preferência.

Segundo Lourenço (2011), não sabemos o porquê a humanidade faz uso abusivo de determinadas substâncias, mas temos o conhecimento dos motivos que levam esse sujeito ao uso compulsivo.

Segundo Freud (1930-1936) a droga flui na mente do sujeito, gerando mudanças na sua química, assim levando o usuário a uma fuga de seu externo e interno, que é oriundo de todo o seu contexto social onde agrega angústia ao sujeito.

2.1 Fuga do externo e interno

A droga opera na vida do sujeito como objeto de desejo, prazer ou até gozo e cada usuário tem a sua forma de se relacionar com a substância química. O objeto droga no decorrer do processo analítico acaba perdendo a importância e ele acaba focando no prazer que ela ocasiona. Os dependentes químicos acabam tendo uma relação conflituosa com o seu objeto gozo que é a droga (GIANESI, 2005).

O uso abusivo do objeto droga tem como objetivos atingir o gozo fálico e obtendo uma fuga do interno e externo.  Fugir do interno é fugir do EU, que são as suas vivências da infância que foram recalcadas para o inconsciente. O externo são questões que estão no real, presente no cotidiano do sujeito como exemplos: dificuldades familiares, dificuldades no ambiente de trabalho, dificuldades de relacionamentos interpessoais. São questões que levam o sujeito a querer fugir de seu externo através do objeto químico (FREUD, 1930/1936).

 É desse modo, então, que o Eu se desliga do mundo externo. Ou, mais corretamente: no início o Eu abarca tudo, depois separa de si um mundo externo. Nosso atual sentimento do Eu é, portanto, apenas vestígios atrofiados de um sentimento muito mais abrangente – sim, todo abrangente -, que correspondia a uma mais íntima ligação do Eu com o mundo em torno. Se é lícito supormos que esse primário sentimento do Eu foi conservado na vida psíquica de muitos homens – em medidas maior ou menor -, então ele ficaria ao lado do mais estreito e mais nitidamente limitados sentimentos do Eu da época madura, como uma espécie de contraparte dele, e seus conteúdos ideativos seriam justamente os da ausência de limites e da ligação com o todo, os mesmos que meu amigo ilustra o sentimento “oceânico”. Mas temos o direito de supor a sobrevivência do que é original junto ao que vem depois, que se originou dele? (FREUD, 1930/1936 p.11).

Para Freud (1930 -1936) o que o ser humano tem como felicidade é na verdade uma satisfação e pode comparar isso com o efeito do químico, o usuário deseja tanto aquela substância em seu princípio de prazer mas o resultado pôs uso é só uma mera satisfação.

Segundo Gomes (2010) a formulação do aparelho psíquico é regida pelo princípio de prazer e os acontecimentos do decorrer da infância se contrapõem no princípio de prazer, como a compulsão à repetição. O sujeito pode encontrar na sua compulsão de uso da droga repetições de fatos dolorosos que ocorreram no seu passado infantil que foram recalcados pelo inconsciente.

2.1  Princípio de prazer

Os eventos mentais são movimentos causados pelos indivíduos sem a intenção do mesmo, por motivos de serem ocasionados consciente ou inconsciente, esses eventos mentais são controlados pelo princípio de prazer. Significando que entram em movimentos através de momentos desagradáveis do sujeito, tendo como exemplo o sujeito usuário, se ele está com uma tensão angustiante, o seu movimento é a busca do objeto droga com a intenção de evitar seu desprazer, gerando uma produção de prazer através do efeito do uso (FREUD, 1920/1922).

Segundo Freud (1920/1922), o princípio de prazer é um instinto sexual que tem como objetivo uma preservação do organismo de questões que estão no externo. Mas ele acaba se tornando ineficaz e perigoso para o indivíduo. Pode-se exemplificar a vida de um usuário de Crack, que passa a significar a substância como uma harmonização de suas angústias, passando a viver a repetição do uso compulsivo. Por ser um método de instinto sexual, ele apresenta grandes dificuldades na reeducação. Segundo o mesmo autor, por uma preservação do ego o princípio de prazer é substituído pelo princípio de realidade, assim ocorre uma maturação e o indivíduo irá aprender a lidar com o conteúdo recalcado no inconsciente que são as suas angústias.

Pode-se pensar na reação que a droga gera no organismo do dependente como a exemplificação que o autor supracitado faz ao relacionar prazer e desprazer. O desprazer ele reage no organismo do sujeito com uma forte excitação e o prazer ele irá ocasionar uma diminuição nesse desprazer. Relaciona o prazer com o momento que a droga entra em contato com o organismo do usuário.

Segundo (2015), o desejo se funda na perda de um objeto, o que leva o sujeito deseja-te numa busca contínua desse objeto, que quando se torna perdido estabelece uma falta no indivíduo. Pode-se considerar a droga como um objeto de desejo para o usuário, esse objeto gera uma insatisfação para o indivíduo, causando dinâmica de busca contínua.

2.2 Objeto de desejo.

Segundo Kuss (2015), não há falta sem desejo, por motivos de desejar se originar de uma falta. Todo o desejo dele é sexual, por razões de ele estar direcionado para um outro e a falta dela está nesse grande outro. Pode-se comparar essa relação de falta que o sujeito tem com esse grande outro, em relação à droga. O usuário tem uma relação sexual, com o seu objeto desejo a substância química, onde gera uma satisfação no sujeito e o colocando num sentimento de falta e perda.

Para Massota (1930/1979), o objeto de desejo para o outro ele pode ser um trapo fedido, e esse produto estragado, mau cheiroso e sem significância ele pode gerar um prazer no indivíduo, dando origem a um orgasmo. Estudos comprovam que o efeito da substância Crack é comparado a um orgasmo. O crack é uma das substâncias que geram o efeito da procura constante pelo prazer que é nomeado por muitos como fissuras. (CARLINI, NAPPO, GALDURÓZ, NOTO 2001).

Para kuss (2015), o objeto de desejo que é tão procurado pelo o sujeito, ele não existe e nunca existiu. Ele está sempre na procura de substituto, encontrando o vazio de objeto em objeto e jamais encontra a satisfação. É comum observar a insatisfação em usuários de substâncias químicas. Observa-se a insatisfação na fissura que o usuário sente, ocasionando uma busca constante pela substância com o objetivo de uma completude. Mas o objeto droga nunca completa o dependente sempre acaba deixando aquela falta, há incompletude.

Encontrar o objeto é uma busca que se faz ao objeto perdido. Esse encontro se faz uma representação do primeiro encontro que a criança tem com o seio da mãe, onde a criança se encontra naquele choro ao nascer e a mãe vem com aquele seio como um grande outro e a satisfaz. É o seio que toma a posição de objeto perdido, a busca constante do usuário pelo objeto de desejo droga, pode se considerar uma busca pela nostalgia do seio materno. (KUSS, 2015)

Segundo Massota (1930/1979), o real é algo tão cheio, que após comemos ele todo, sentimos a presença do vazio. Há relação com o usuário, quando ele compra uma grande quantia de droga e consome numa noite e após o consumo veem a sensação novamente do vazio colocando o sujeito na posição de incompleto.

Para a autora Kuss (2015), o objeto é representado por um grande vazio, pelo motivo de não existir algo que o complete na realidade. Cada sujeito irá encontrar o seu substituto para seu objeto perdido em sua história, através de sua escolha libidinal. Isso significa que há pessoas que irão fazer sua escolha de objeto de desejo através das substâncias químicas.

Para kuss (2015), a fantasia sustenta a existência do desejo. “A fantasia é a sustentação do desejo, não é o objeto que é a sustentação do desejo. ” (apud Lacan, 1964/ 1988, p.175). A fantasia vai dar permissão para que o sujeito se mantenha desejando pelo objeto droga. Assim, ou o objeto droga é uma fantasia que sustenta esse desejo de consumo pela substância, ou simplesmente está enganando esse sujeito.

2.3  Fantasia

Na clínica psicanalítica, observa-se em meio ao discurso de usuários de substância química seus sonhos de consumação do objeto droga, para kuss (2015), a realização de um desejo acontece através de uma alucinação, por via dos sonhos, isso significa que ele está submetido ao princípio de prazer, o que leva a uma possibilidade do amor estar ligado a fantasia (SOARES, 2015).

Segundo kuss (2015), “ para Freud, a fantasia anuncia a presença de um desejo; é a montagem que encena um desejo. Lacan avança nesse conceito enfatizando uma outra função da fantasia para o sujeito, que é a da constituição do seu desejo. (Apud Zalcberg, 2008, p.92). Na psicanálise a fantasia apresenta um grande valor, pelo motivo de estar sendo imposto o desejo do sujeito. Um sujeito usuário de droga quando há manifesta em seu sonho, ele está constituindo aquele desejo de consumo, e o colocando o objeto droga encena como forma de desejo.

A fantasia tem o poder de constituir o real e assim dando um sentido para ele, que para o sujeito a realidade apresenta não ter sentido algum. Pode considerar essa questão com o usuário, que faz uso do objeto droga como uma forma de reconstituir a sua realidade, que a sua vida não apresenta de forma alguma um sentido. (KUSS, 2015)

A fantasia ela irá remeter há falta do desejo, dando sustentabilidade a esse desejo de forma ilusória, para Kuss (2015), “se por um lado o desejo não tem objeto, por outro lado é a fantasia que dá suporte ao desejo, quando o fixa em uma relação que tem algo de estável com o objeto. A esse lugar que permite ao sujeito se fixar como desejo, Lacan deu nome à fantasia fundamental”. (Apud Lacan, 1960/61, p. 1964).

O amor é o reencontro com o objeto perdido, aquele objeto que nunca existiu. A fantasia terá relação com a nostalgia da primeira satisfação, pode considerar esse objeto inexistente e tão desejado com o seio materno. O ato de consumo do objeto droga é o ato de evocar a lembrança da amamentação e a fantasia que irá remeter a essa lembrança. (KUSS, 2015)

Por meio da fantasia durante o consumo da substância de desejo o sujeito irá recuperar a sua satisfação que foi perdida. A fantasia será um anteparo para o sujeito lidar com o seu mau estar, e assim tentar encaixar o seu gozo. (KUSS,2015)

 2.4 Conceito de gozo psicanalítico lacaniano

Segundo kuss (2015), gozo é um conceito lacaniano que tem como objetivo remeter a noção de (usufruto) que dá o significado de desfrutar de um objeto que tem apropriação, no uso de substâncias, há uma destruição do químico. Segundo Lacan (1972/73), usufruto dá o direito de gozar do objeto, mas não podemos comprometer. Quanto ao uso dos lícitos e ilícitos, há uma oportunidade de uso recreativo, mas há usuários que se comprometem a abusar da substância.

Segundo Ribeiro (2009), há três modalidades de gozo: gozo fálico, gozo do outro e o gozo do sentido. Para Quinet (2012), o gozo fálico e o gozo do outro são uma escolha do objeto sexual, sendo hetero ou homo. No uso de substância química, o sujeito tem como um objetivo chegar a um gozo semelhante ao sexual.

Segundo kuss (2015) o gozo será sempre uma parte da pulsão que encontrará satisfação, associando as drogas o usuário encontra no seu objeto de desejo um prazer, um estado de satisfeito.

Segundo Ribeiro (2009), durante o efeito da substância o usuário tem o poder de romper o gozo fálico e se situar ao gozo do outro ou no gozo do sentido, que são as satisfações experimentadas nos sintomas. Durante o efeito da substância o sujeito tem a sensação de estar liberto das normas impostas pela sociedade, questões de vulnerabilidade, angústias e sofrimento.

Segundo Kuss (2015), quando aquele bebê se torna sujeito a sua entrada na linguagem inaugurando a falta, ocorrendo por motivos de haver uma perda no nível de gozo. Nos primeiros tempos de vida ocorre a castração dos primeiros gozos do bebê.

Serretti (2012), O usuário de drogas busca o prazer primário no objeto de desejo, a substância. Quando encontrado, ele acaba retornando a fase do narcisismo primário, remetendo-se ao sujeito quando teve pela primeira vez uma sensação de prazer, que foi estabelecida junto à mãe, pois quando bebês, as pessoas não têm uma delimitação com o EU, o ego ainda não obteve uma formação, o sujeito tinha uma relação funcional com a mãe simbólica, e foi por esse período que ocorre uma primeira sensação de prazer, no seu contato com a mãe.

2.5 Narcisismo

Segundo kuss (2015), o narcisismo é inspirado no mito grego, Narciso que é um jovem muito belo que ocorria um desamor. Um sábio fez uma profecia onde ele vivera sem contemplar sua própria imagem. Ninfa, uma deusa desiludida pela recusa do amor de Narciso, morre. Nemesi, considerada a Deusa da vingança, responsabiliza Narciso pela morte de Ninfa e o amaldiçoa punindo fazendo o matar sua sede, contemplando sua imagem no lago ao deparar-se com sua beleza se enamora e vem a falecer.

Segundo Freud (1914/1996), a palavra Narcisismo foi introduzida para referir o sujeito que trata o seu próprio corpo como um objeto sexual é tratado, com carícias, olhares e afagos com objetivo de obter uma satisfação. Segundo kuss (2015), no amor narcísico a libido se direciona para o próprio eu, e quando há uma escolha objetal, esse objeto é escolhido como o ideal narcísico, associa-se o objeto droga como o objeto ideal narcísico, onde o sujeito irá investir toda sua libido visando o restabelecimento do amor infantil.

Segundo Freud (1914/96), o sujeito projeta em si o seu ideal que é um substituto do seu narcisismo perdido na infância, no período que ele era o seu próprio ideal. O amor dos pais com os filhos é um amor narcísico, é esse amor que falta na fase adulta, levando o sujeito numa busca constante.

Araújo (2010) afirma que havia uma dificuldade para Freud em admitir a existência de um narcisismo primário, pois deveria haver um conceito para o narcisismo secundário. Segundo o mesmo autor, o narcisismo primário é o primeiro contato do bebe com o amor. No percorrer de seu desenvolvimento e no contato com o real a criança se dá conta que não é tudo para sua mãe e que seus interesses são outros, seu objetivo passará a ser o amor pelo outro, dessa forma ela passará a entrar no segundo estágio do narcisismo o narcisismo secundário.

Segundo Terrazas (2002), as escolhas objetais do sujeito são projetadas na compulsão pela substância química que está associada à pulsão de morte, identificadas como compulsão à repetição.

2.6 Pulsão de morte

Segundo Serretti (2012), a pulsão de morte está presente no uso abusivo de substâncias químicas, sendo responsável pela compulsão e a repetição, numa tentativa de reconstrução de seu narcisismo primário, que foi seu primeiro momento de prazer nos primeiros anos de vida, o seio materno.

A pulsão de morte é definida como aquilo que leva o sujeito à autodestruição, e à auto agressividade, operada de forma autônoma em que a única satisfação não está inserida no objeto, mas sim no ato, sendo este objeto híbrido, no qual é o domínio de um sofrimento juntamente do desejo de não querer mais sofrer e desejar, fazendo-se assim com que o sujeito e a pulsão sejam capturados pelo objeto que é a substância química (SERRETTI, 2012). “O toxicômano ele elegeu um objeto narcísico a fim de funcionar “autisticamente”, autoeroticamente, transformando seu próprio corpo “dopado” na solução para seus conflitos psíquicos, e negar a existência do inconsciente” (SERRETTI, 2012, p. 54).

Segundo o autor supracitado, a droga é desfrutada pelo usuário com objetivo de fornecer um prazer e uma liberdade, com o passar do uso a tal liberdade passa a se torna uma prisão, onde o sujeito não consegue libertar do uso abusivo e compulsivo (SERRETTI, 2012).

 Considerações finais

A felicidade em meio a contexto social é algo muito valorizado O uso abusivo de substâncias químicas é utilizado como um meio de obter uma felicidade instantânea fazendo com que o sujeito reserve sua economia libidinal, obtendo não apenas o ganho de prazer, mas uma certa independência do mundo externo. (FREUD, 1939/2011)

Por meio da abordagem psicanalítica foi analisada a psicodinâmica que o sujeito realiza na busca pelo prazer, através do uso abusivo de drogas.

Na composição deste artigo, no processo de pesquisa foi possível compreender os conceitos psicanalíticos através da temática apresentada. Não é possível concluir que todos esses fatores psíquicos são ocorrentes em todos os sujeitos droga ditos, para a conclusão há a necessidade de uma pesquisa a campo.

É de grande valia essa pesquisa do estudo referente a esta temática, ao qual se encontra cada vez mais presente em meio à sociedade, trazendo problemas de ordem físicos, psíquicos e sociais aos sujeitos, tanto dependentes quanto a sociedade como um todo, as quais acabam resultando em maiores índices de marginalidades, e mortes, sendo necessária maior compreensão para que se possa posteriormente trabalhar de forma eficaz nos tratamentos da dependência química, bem como programas de prevenção. 

 Referências 

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GOMES, K. V. A Dependência Química em Mulheres: figurações de um sintoma partilhado. Tese apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Psicologia. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-10112010-082915/publico/varela_do.pdf. Acesso em: 14 maio de 2020. 

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