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Psicanálise

Dependência Química o lugar da Família

Na dependência química observa-se o uso abusivo do dependente, mas além do vício da substância também se encontra  o vício dos familiares em meio a relação abusiva que eles mantêm com o adicto. Se nota em meio a esses núcleos familiares, o quanto esses membros queixam desses integrantes problema, como se a solução para todos os problemas da família fosse esse sujeito pausar o vício. Em meio às lamentações projetadas no outro, colocando-se em posições de vitimismo, identifica-se um prazer nessa vida que o outro é escravo da droga e eu, sou escrava do outro. 

Segundo Bleger (1972), deposita no outro os conteúdo que não são aceitos, é mais fácil queixar dos defeitos do outro, do que olhar para o seu eu. As pessoas são resistente aos mecanismos do inconsciente, por motivos de terem questões que o sujeito não estar preparado para acessá-los, projetar no outro é como um mecanismo de defesa. 

Desde a época de Freud observa o quanto a sociedade vem mudando, de uma sociedade onde a sexualidade era reprimida, hoje vivenciamos uma sociedade onde tudo pode: casais que se separam, mães solteiras, casais homossexuais… Questões que eram reprimidas em meio a sociedade vivenciada por Freud. A sociedade atual mudou! repara-se no modo de criação dos filhos na atualidade, percebe que os genitores têm medo em castrar seus filhos, se negam em reprimi-los e dizer NÃO. Os pais de hoje tem medo em frustrar as crianças, sendo que necessita da frustração para o desenvolvimento. Sem a frustração ninguém cresce. A criança precisa da referência do que é certo ou errado, ela não pode tomar decisões por ela ou pela família. Observa o quanto familiares de dependentes químicos têm dificuldade em negar dinheiro para o dependente investir na droga. E através de discursos de usuários abusivos identifica-se a dificuldade que esse sujeito tem em lidar com o não por motivos de nunca ter lidado com a palavra NÃO. 

Atualmente num núcleo familiar deparamos com os dois genitores tendo que deixar os filhos sozinhos para poder trabalhar, pode associar essa abundância de sim e o medo do não, como forma de tapar o vazio deixado pela necessidade de ter que sair para buscar o sustento. Como se esses pais se culparem pela falta que fazem e substituem essa falta com objetos de prazer para o filho. 

Segundo Stanto, Heath (1997), os dependentes químicos são extremamente ligados à família, através de um estudo em Nova York detectaram que 90% dos usuários com 22 anos moram com os pais, frisando que é muito normal morar com os genitores em algumas culturas. Mas a família é muito importante para o tratamento de dependentes químicos, eles são uma fonte de ajuda. 

Conviver com dependente químico é bastante prejudicial para a saúde mental e pode prejudicar qualquer membro em qualquer estágio da vida, esses familiares se sentem inseguros com relação a confiança depositada no sujeito problema. O diagnóstico para essa patologia que afeta os familiares é a co-dependência  por esse motivo que o tratamento da dependência química não é só para o dependente, familiares também necessitam de acompanhamento psicológico, psiquiátrico e grupos de apoio. 

Segundo jhonson, jhonson (1999), familiares que procuram ajudas profissionais para lidar com a co-dependência, acabam impedindo novos casos de integrantes dependentes químicos e durante o tratamento observa-se o quanto as famílias conseguem lidar um pouco melhor com o usuário e essa nova forma de abordar esse sujeito acaba também gerando benefícios para o adicto. 

Segundo Lyon, Greenberg (1991), pesquisas detectaram que mulheres que se relacionam com homens dependentes químicos e exploradores, foram filhas de pai com as mesmas características do companheiro. Observa-se que companheiros com essas características são pobres de afetos e carinho, essas mulheres acabam carentes, tornando-se cuidadoras desses sujeitos, sendo que em seus discurso queixam dessa falta e carência. Foi usado como exemplo a mulher, mas a co-dependência pode afetar os dois lados, como a dependência química pode ocorrer com uma mulher. 

Concluímos que no tratamento para dependência química, não depende somente do dependente químico e sim de todo o seu núcleo familiar, por conta do transtorno acabar afetando todos que convivem com o sujeito dependente. A codependência é o desejo de controlar o outro, uma perda da autoestima e um foco incontrolável na necessidade do outro. Essa necessidade intensa de cuidar do sujeito problema, acaba não contribuindo com a independência e o amadurecimento do outro. É importante que familiares de dependentes químicos também estejam em tratamento, por motivos de o tratamento do dependente também necessitar que a família esteja em acompanhamento psicológico, para poder lidar com suas questões inconscientes.  

Referências:

Jhonson p.b jhonson h.l. cultural and family influences that maintain the negative meaning of alcohol, journal of study of alcohol, v.13 

lyon greenberg co.dependency has arrived. focus on the family and chemical dependency.

bleger, j. simbiose e ambiguidade. rio de janeiro, ed. imago, 1973. 

stanton, m. d; heath a.w. family and marital therapy. in lowinson, j. substance abuse. a comprehensive textbook. 

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