O número de pessoas que realizam o ato suicida teve um aumento de 60% nos últimos 45 anos, o sujeito que utiliza desse ato apresenta um sofrimento. (BOTEGA, WERLANG, CAIS, MACEDO 2006). Segundo Freitas (2015), o suicídio é uma manifestação humana utilizada quando a vida se torna insuportável, o ser falante é o único ser vivo que utiliza da morte como uma escolha.
Segundo Carvalho (2014), o sujeito suporta a vida por motivos de existir a morte como uma possibilidade de tornar a vida possível. A vida é real e o morrer é algo simbólico, se a vida se torna impossível de suportá-la, o suicídio é uma escolha do sujeito que dar um significado a vida que está impossível de ser suportada. Segundo Freitas (2015), através da repetição do traumático que ocasionam um encontro com o real, impossibilidade e uma angústia no sofredor que o leva a uma escolha da morte.
Segundo carvalho (2014), a pulsão de morte está contida na cadeia dos significantes, há um gozo na escolha do sujeito de repetir o trauma, demonstrando seu aprisionamento na cadeia dos significantes. Temos como exemplo um sujeito que sofreu a vida inteira com os lábios leporinos, passando por vários procedimentos cirúrgicos para modificar. Uma criança que sofreu a vida inteira com os abusos da cirurgia, quando se coloca em situações que lembram o trauma acaba repetindo as violências sofridas frequentemente.
Segundas Freitas (2015), o suicida apresenta a tique que é uma forma de repetir sempre a mesma falha, apresentando um gozo por aquele ato de repetir. Pode-se ter uma tentativa de impor um limite na repetição como um ato de castração. A castração ocasiona uma angústia e o sofredor estar imerso numa angústia avassaladora. Segundo a mesma autora há angustia é sempre uma angústia de castração. A morte é uma tentativa de eliminar a angústia.
Segundo carvalho (2014), o suicida neurótico cria uma cena e participa dela, aonde ele é o autor e a finalidade é alcançar o amor do outro utilizando do suicídio, correndo o risco de sair de cena e não voltar mais. O neurótico diante da falta do outro responde com a fantasia, onde ele se relaciona com o objeto de desejo, que também é objeto para sempre perdido e o objeto de gozar.
Nasio (2019), a fantasia é uma cena de uma situação conflituosa, aonde o sujeito não consegue visualizar todos os detalhes, percebe apenas os gestos que configuram a ação. A fantasia estar recalcada no inconsciente, é o desejo perverso incontrolável de devorar o outro, o ser amado. É uma forma de tapar o buraco deixado pelo amado.
Segundo Freitas (2015), os seres falantes se dividem em dois gêneros masculino e feminino, mas não partindo da anatomia, mas da modalidade de gozo. No masculino o gozo parte totalmente da norma fálica o feminino não. O homem ele goza com o seu objeto da fantasia que pode ser o corpo da mulher. O feminino ele goza de duas formas, com o seu objeto de desejo o sexo masculino que é uma forma fálica, ou goza com a falta do outro um gozo que estar fora do significante.
Na neurose obsessiva, ele se encontra no lado da fantasia, seu objeto de gozo é o outro o masculino. Quando o sujeito perde esse objeto que sustenta seu desejo e gozo, ocasiona um abalo na fantasia, apresentando a cruelmente a falta. Sem a fantasia o obsessivo ele é tomado por puro gozo, deparando com a falta do outro a sua falta de objeto de desejo, assim deseja morrer.
Na histeria a perda do amor que é o objeto homem, leva a histérica ao desejo suicida. Ela tem o homem como seu objeto de desejo que ira completar a falta do objeto perdido na infância.
Segundo Freitas (2015), psicótico ele se ver no gozo do outro, quando ele escolher o suicídio é uma tentativa de livrar-se desse objeto de desejo que ele é para outro. Quando se suicida é uma tentativa de sair dessa condição insuportável de objeto de gozo para o outro, aonde ele é mandado. O psicótico ele tem o nome do pai inscrito na sua estrutura psíquica, onde o pai é esse grande outro que sempre dá as ordens.
Conclua-se que a perda do objeto amado faz com que o melancólico se depara com um buraco no eu, onde perdeu o seu objeto de amor, desejo e gozo, ocasionando uma falha no imaginário. Apresentando a condição de objeto de gozo, o gozo mortífero levando a um suicídio. Quaisquer tipos de suicídios clínicos, diante da perda do objeto de gozo que é o grande outro, o sofredor terá que lidar com essa falta. Nesses momentos a fantasia encontra-se abalada. O faltoso objeto faz com que o melancólico se depara com um buraco no eu, por motivos de que ele perdeu o seu amor, que atuava como uma tampa no buraco da falha imaginária. Orienta-se um acompanhamento psicoterápico, onde deixamos o sujeito apresentar o seu discurso de afetos, numa tentativa de driblar a sua falta. Em casos mais graves orienta-se também o tratamento multidisciplinar (psicólogo e psiquiatra).
REFERENCIAS:
CARVALHO, S. A MORTE PODE ESPERAR. CLINICA PSICANALITICA DO SUICIDIO. Salvador. Associação campo psicanalítico, 2014.
Geisa Freitas. Stylo revista de psicanalise, rio de janeiro 2015.
Nasio Juan David, 1942. Sim a psicanalise cura. Rio de Janeiro, Zahar 2019
Betega n. Werlang b. cais .c Macedo m. prevenção do comportamento suicida. Temática da psicologia clinica. Rio grande do sul. 2006
2 respostas em “Suicídio: uma revisão psicanalítica”
Gostei do artigo, e estou a compreender o que levou colegas de trabalho a cometer o suicidio
Em muitos casas não só o amor mais atualmente entre os jovens até 37 anos e sem dúvidas adroga elas são responsáveis pela mortes deles bipolaridade causada pelas mortes aumenta a vontade de morrer .