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Psicanálise

O racismo como sintoma social

O racismo é considerado uma mera agressividade social, é o ódio do outro, uma fúria não ocasionado por algo ruim que o outro tenha feito, mas pelo simples fato da existência, e da transparência das diferenças. O racismo nasce através do discurso igualitário da ciência, pelo, o fato de querer incentivar uma igualdade em meio a população. O estrangeiro quando faz a sua entrada no território que não é seu de origem, ele traz consigo toda a sua bagagem cultural que aos olhos daquela sociedade é algo diferente gerando um sintoma social de ódio.

O ser humano se sente bem com o seu semelhante, para koltai (2008), a fundamentação do amor é narcísica, ama-se os iguais e os diferentes passam a ser excluídos, para depositar a agressividade contra eles, a reação de defesa da vítima em perigo é produto de satisfação e prazer no agressor. O racismo é considerado um sintoma social e o tolitarismo moderno mostra aonde vai o ser humano quando se depara com as diferenças, a ponto de negar o fato de que o outro também é um ser humano.

O sintoma é o que impede o sujeito de seguir as exigências da civilização e questionar os discursos que são impostos. Observa-se que o sintoma prescreve uma igualação na vida cotidiana, atingindo as formas de desejar e gozar.

A ciência permanece o seu discurso insistente de igualar o sujeito, para fazer o sujeito se sentir bem, mesmo se ele não queira seguir esse padrão social. Quanto mais houver exigências de igualação da sociedade, mais haverá discursos de oposições. Além do mais o discurso (cientifico) se mantêm na uniformização, mais haverá opositores, e a oposição é a manifestação do gozo, é aquilo que transforma o outro em alguém que só resta odiar, pelo motivo de ser diferente que é idealizado.

Com a globalização das economias, o movimento imigratório está constante, o estrangeiro passa a morar para além da fronteira. Ao se tornar vizinho dos nativos ocorre uma aproximação, tornando-se insuportável para os nativos pelo fato que o estrangeiro será um ladrão de gozo, que por gozar de mais, passará a fazer o outro gozar de menos. Segundo Philippe Julien (1995), o ódio nasce a partir de um saber do gozo do outro, no momento que o sujeito ver um gozo no outro que provoca um sentimento de ódio e privação, converte-se a odiar. Pode associar essa questão ao Nazismo, surgiu em 1920 por Adolf Hitler, os principais objetivos do partido eram o de união dos alemães gerando uma igualdade na população, e a expulsão de estrangeiros um dos motivos é de acreditarem que a população judia estava roubando os empregos dos alemães, e os judeus eram vistos como manipuladores de finanças do mundo.

Em momentos de crises globais, há um agravamento de casos de racismo. Os países asseguram as suas fronteiras, tornando um controle maior sobre a imigração clandestina, pelo motivo dos estrangeiros gerarem sentimento de medo. Quando um estrangeiro se torna vizinho, ele impõe sua religião e cultura. A fascinação pelo modo de viver do estrangeiro gera um turbilhão de sentimento de atração, medo e fascínio no racista gerando uma oscilação entre amor e ódio.

Conclua-se que a psicanálise mostra que não tem como impor a igualdade a outro, e quanto mais houver exigências de um padrão social, tem como retorno um sintoma social que é o racismo, que vem marcado por uma oscilação de amor e ódio. A diferença singular do sujeito serve de pretexto para agressividade que atinge tudo aquilo que é diferente. Essa consideração psicanalítica pode-se associar a outros modos de pré-conceito que também geram manifestações de ódio e que são também ocasionados pelo padrão.

REFERENCIAS:

Julien, P. (1995). L´étrange jouissance du prochain . Paris: Seuil.

Koltai catarina (2008). Racismo uma questão cada vês mais delicada. psicanálise e cultura, São Paulo, 2008, 31(47

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